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Distrato de Contrato: O Que é e Como Deve Ser Feito

Foto empresário preocupado passando pela papelada depois de perder o emprego no escritório para ilustrar assim artigo sobre distrato de contrato

Na vida, muitas vezes firmamos acordos com entusiasmo e confiança, seja para alugar um apartamento, iniciar uma parceria comercial ou até mesmo aderir a um plano de academia. Mas, e se, em algum momento, esse acordo não fizer mais sentido? E se ambas as partes quiserem seguir caminhos diferentes? No universo jurídico, esse “recomeço” ou “retrocesso amigável” tem um nome: distrato de contrato.

Assim, antes de mergulharmos fundo neste tema, imagine o contrato como um aperto de mãos selando um compromisso e o distrato como ambos soltando essas mãos em comum acordo.

Agora, vamos entender juntos o que isso realmente significa, como pode ser feito e o que você precisa saber para estar bem informado sobre o assunto.

O que é Distrato?

As partes podem ver o distrato como um “acordo de desfazimento” de um contrato que já estabeleceram. Quando, por qualquer motivo, os envolvidos decidem que desfazer os laços contratuais é a melhor decisão, eles retornam à situação em que estavam antes de fazer o acordo.

Para ilustrar de uma maneira mais simplificada, imagine que o distrato é como quando dois amigos tinham decidido, por exemplo, fazer uma viagem juntos. Eles planejaram, se organizaram, mas por algum motivo, perceberam que não seria mais possível realizar essa viagem e, em comum acordo, decidem cancelar os planos. Não há conflitos, ressentimentos, ou disputas, apenas a mútua concordância de que o inicialmente acordado não poderá ser levado adiante.

Nesse processo de distrato, é crucial que haja o consenso entre as partes envolvidas. Todos os signatários do contrato original devem estar de acordo com o término do compromisso, de forma a evitar disputas judiciais posteriores. Isso ressalta a importância do diálogo aberto e da negociação durante o procedimento de distrato, assegurando que os direitos e deveres de todos estejam claros e sejam respeitados.

Motivos para Distratar um Contrato

Ao longo do tempo, a vida apresenta diversas reviravoltas, e o que parecia ideal em um determinado momento pode não se adequar mais à realidade presente ou futura. Há inúmeras razões que podem levar ao desejo de distratar um contrato. Aqui estão algumas delas:

  1. Mudança nas Circunstâncias: A realidade econômica, pessoal ou de negócios pode mudar, tornando o contrato inviável. Imagine, por exemplo, alugar um imóvel grande porque a família iria crescer, mas, por alguma razão, a mudança na composição familiar não ocorre.
  2. Descontentamento com os Termos: Pode ser que, após um período, alguma das partes sinta que os termos acordados não são mais justos ou vantajosos. Como quando você percebe que o plano de academia que escolheu tem um custo-benefício desfavorável em relação a outros disponíveis no mercado.
  3. Impossibilidade de Cumprir o Acordado: Seja por razões financeiras, operacionais ou outras, uma das partes pode perceber que não conseguirá cumprir com o que foi estabelecido.
  4. Interesses Divergentes: Assim como no exemplo do plano de academia, é possível que as metas inicialmente estabelecidas já não correspondam aos objetivos atuais. Talvez a ideia fosse emagrecer e agora o foco é ganhar massa muscular.

A realidade é que a vida é dinâmica, e os contratos, por mais sólidos que sejam, precisam refletir essa mutabilidade. O distrato surge, assim, como uma ferramenta legal para adequar formalmente as relações contratuais à nova realidade das partes envolvidas, permitindo que ambas sigam seus caminhos de forma clara e sem pendências.

Procedimento para Distratar

Distratar um contrato é um ato que requer cuidado, atenção e, sobretudo, conhecimento jurídico. Não é uma decisão que se tome de ânimo leve, nem algo que se concretize com uma simples declaração de vontade.

Veja abaixo as principais etapas envolvidas:

1. Comunicação entre as Partes

O primeiro passo é estabelecer uma comunicação clara e transparente entre os envolvidos. É fundamental que todas as partes estejam cientes do desejo de distratar e dos motivos que levaram a essa decisão.

2. Revisão do Contrato Original

Antes de realizar o distrato, é essencial revisar os termos do contrato original. Esta etapa ajuda a identificar cláusulas que possam influenciar o processo de distrato, como possíveis multas ou condições específicas.

3. Elaboração do Termo de Distrato

Assim como no contrato original, as partes também devem formalizar o distrato por escrito. Este documento vai detalhar as razões para o distrato, o acordo de ambas as partes e as formas de tratar questões, como devolução de valores e o cumprimento de obrigações pendentes, entre outras.

4. Assinatura por Todas as Partes

Para que o distrato tenha validade, todas as partes envolvidas no contrato original devem assinar o termo de distrato.

5. Registro em Cartório (quando necessário)

Em alguns casos, principalmente quando se tratam de contratos imobiliários, é necessário registrar o distrato em cartório para que ele tenha validade perante terceiros.

6. Cumprimento das Condições Estabelecidas

Após assinado, as partes devem cumprir com o que foi acordado no termo de distrato. Isso pode incluir pagamentos, devoluções, entre outras ações.

Lembrando que, em muitos casos, contar com a assistência de um profissional jurídico pode ser essencial para garantir que todas as etapas sejam seguidas corretamente e que os direitos de todas as partes estejam protegidos.

Afinal, como dito anteriormente, o objetivo é que o distrato resolva as pendências do contrato e não que crie novos problemas ou mal-entendidos para o futuro.

Efeitos do Distrato

O distrato, quando formalizado, provoca uma série de efeitos jurídicos e práticos para as partes envolvidas. Ao contrário de um simples cancelamento ou término, o distrato visa retornar as partes ao estado anterior ao contrato, como se este nunca tivesse existido. Vamos entender melhor esses efeitos:

  1. Extinguir as Obrigações: O distrato tem como principal efeito acabar com as obrigações que o contrato estabelece. Tudo que as partes acordaram para o futuro não se torna mais obrigatório para nenhum dos envolvidos.
  2. Restituição de Valores: Se as partes pagaram valores durante a vigência do contrato, o distrato pode estabelecer sua devolução. Por exemplo, em um contrato de compra e venda, se ainda não entregaram o bem, o comprador pode receber de volta o valor pago.
  3. Rescisão de Vínculos: O distrato desfaz vínculos criados pelo contrato. Em um contrato de parceria empresarial, por exemplo, o distrato pode significar que a parceria não existe mais, e cada empresa seguirá seu próprio caminho.
  4. Proteção contra Futuras Reivindicações: Depois de distratar o contrato, as partes não podem usá-lo como base para reivindicações futuras. Esse processo garante segurança jurídica, evitando que uma das partes busque direitos ou alegue obrigações com base em um contrato já encerrado.
  5. Efeito Retroativo: A ideia do distrato é realmente “voltar no tempo”. Assim, mesmo que o contrato tenha gerado efeitos durante sua vigência, o distrato busca, na medida do possível, retornar as partes ao estado em que se encontravam antes de assinar o contrato.

A Diferença entre Distrato e Rescisão

Em meio aos intricados termos jurídicos, é comum confundir conceitos que parecem, à primeira vista, sinônimos. No entanto, quando falamos de distrato e rescisão, estamos nos referindo a duas figuras jurídicas distintas, cada uma com suas características e implicações. Vamos destrinchar isso:

  1. Distrato – O Acordo Mútuo: Como já mencionamos, as partes fazem o distrato para encerrar um contrato que já estabeleceram. Este encerramento acontece em mútuo consenso; todos os envolvidos no contrato original concordam em terminá-lo e definem juntos as condições desse término. O distrato coloca as partes na situação em que estavam antes de estabelecerem o contrato.
  2. Rescisão – A Quebra do Contrato: A rescisão ocorre quando uma das partes não cumpre com suas obrigações estabelecidas no contrato, levando à sua extinção. Diferentemente do distrato, a rescisão não necessariamente acontece em comum acordo. Geralmente, é provocada por uma falha, descumprimento ou inadimplemento de uma das partes. Isso pode acarretar em consequências jurídicas, como o pagamento de indenizações.
  3. Motivação e Consequências: Enquanto o distrato nasce da vontade conjunta de encerrar o contrato, a rescisão surge de um desacordo ou falha. No distrato, as consequências e condições são acordadas entre as partes, enquanto na rescisão, estas podem ser impostas judicialmente, caso não haja acordo.

Retomando a analogia das frutas, podemos dizer que tanto a laranja quanto a tangerina pertencem à mesma família dos cítricos e podem até se parecer em sabor e aparência. No entanto, cada uma tem suas características únicas.

O mesmo ocorre com distrato e rescisão. Ambos se referem ao término de um contrato, mas o modo como isso ocorre e as implicações envolvidas diferenciam significativamente um do outro.

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