Venture capital: há dinheiro de sobra para investir em startups latinas, dizem especialistas

O Future Hub, evento realizado no dia 5 de outubro em São Paulo, foi palco de uma conversa sobre o cenário do venture capital na América Latina. Recebidos por Jorge Vargas Neto, CEO da BHub, Carol Lacombe, da Valor Capital, Gustavo Ahrends, da Milenio Capital, e Gustavo Cruz, da Endeavor, falaram sobre o que os investidores estão planejando para o futuro.

De acordo com os especialistas, a percepção de quem investe mudou bastante. Eles estão mais cautelosos e investindo menos, porém com mais qualidade. 

Os fundos estão de olho nas empresas com métricas voltadas para a gestão de cash burn e querem alcançar a lucratividade, assim como manter uma boa margem. Assim, os melhores empreendedores continuam captando recursos para seus negócios, mesmo em meio ao inverno das startups. 

Na realidade, os participantes acreditam que não estamos, necessariamente, passando por um “inverno”. O excesso de dinheiro disponível fez com que muitos erros aparecessem. Tanto do lado dos empreendedores quanto do lado dos fundos. Por isso, estamos passando por uma “correção saudável”. 

E como atrair investimentos?

A conclusão de todos os painelistas foi de que há dinheiro de sobra para investir em boas startups. Afinal, apesar da alta nos juros, venture capital não é um jogo de curto prazo. A grande questão é que as empresas precisam comprovar eficiência para conquistar a confiança dos investidores. 

“Você tem que ser transparente nos tempos bons e nos momentos ruins”, opinou Carol Lacombe. Vargas Neto seguiu a mesma linha da parceira de painel no Future Hub: “A relação entre empreendedor e investidor é como um casamento”. 

Há alguns padrões que mostram o sucesso de um empreendedor e, com esse perfil, as chances de atrair investimentos acabam sendo maiores. É preciso ter paixão pelo que está fazendo, conhecer muito sobre o seu negócio e mostrar que tem técnica para levá-lo adiante.

Além disso, planejamento e criatividade são indispensáveis. “O que vai ser o mercado daqui a dez anos? Porque é lá que vou fazer meu exit. O empreendedor precisa ser visionário”, sugeriu Lacombe. 

Expectativas de crescimento

Os investidores estão procurando bons negócios e há cerca de US$ 290 bilhões disponíveis para investimentos. E quem quiser fazer parte desse jogo de longo prazo deve preparar bem seu time, seu deck e resguardar o caixa para atravessar possíveis turbulências.

Para os palestrantes, as perspectivas são otimistas. O mercado deve voltar a crescer, principalmente a partir do segundo semestre do próximo ano. E Jorge acredita ainda que “com perspectivas de superar os números de 2021”.