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Aprendendo a aprender: como criar uma cultura de aprendizagem na sua empresa

Cultura de aprendizagem na sua empresa

Se na vida somos eternos aprendizes, porque no trabalho haveria de ser diferente? É um grande equívoco acreditar que, profissionalmente, estamos prontos ao finalizar os cursos da educação formal, seja a graduação, a pós ou até o MBA. A vida não é mais dividida entre estudar, trabalhar e se aposentar. Hoje em dia, essas fases se misturam e a aprendizagem perpassa todas elas.

Vivemos em um mundo FANI – adaptação do acrônimo inglês BANI, para dizer da fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade da realidade atual. E nesse cenário, estar aberto a adquirir novas habilidades, conhecimentos e experiências nunca teve tanto valor. Só assim somos capazes de nos adaptar às rápidas mudanças das tecnologias, do mercado e da sociedade.

E o que isso tem a ver com a minha empresa?

Investir no aprendizado e no desenvolvimento dos seus funcionários, tanto técnico, quanto emocional, pode impactar muito positivamente os resultados da sua empresa. Não é por acaso que empresas como Apple, Google, American Express e Bridgewater Associates têm o aprendizado como um dos pontos centrais de suas estratégias de gerenciamento de talentos.

Empresas que alimentam o desejo de aprender em seus colaborados têm cerca de 30% mais chances de serem líderes de mercado em seus setores durante um longo período de tempo. É o que revela uma pesquisa da Josh Bersin. Já o livro “Corporate Culture and Performance”, de Kotter e Heskett, aponta que empresas que investem na melhora do desempenho dos colaboradores apresentam um crescimento médio nas receitas quatro vezes maior do que aquelas que não se preocupam com isso. 

A mesma pesquisa de Bersini aponta que profissionais que aprendem durante o trabalho ficam menos estressados e mais satisfeitos. Aí a conta é simples: pessoas satisfeitas se sentem mais motivadas e assim trabalham melhor. Trabalhando melhor se tornam mais produtivas e entregam melhores resultados. Todo mundo sai ganhando.

Cultura de aprendizagem na sua empresa

Cultura de Aprendizagem

Instituir práticas de desenvolvimento pessoal e profissional e promover o compartilhamento do conhecimento na rotina de trabalho. Unir experiências coletivas ao potencial individual para alcançar resultados audaciosos. Aplicar o pensamento sistêmico, solucionando problemas de  forma permanente. É disso que se trata a cultura de aprendizagem, um tipo de cultura organizacional que valoriza a constante aquisição de conhecimento e estimula a criatividade. 

A grande vantagem da cultura de aprendizagem é que à medida que seus colaboradores se desenvolvem, a tendência é que sua empresa evolua também. Um relatório da Bersin é bem claro e direto: “O maior impulsionador do impacto nos negócios é a força da cultura de aprendizagem de uma organização. (Repararam como a gente gosta dessa tal Bersin?)

Mas como implementá-la? É o que você deve estar se perguntando. Compilamos algumas dicas que podem te ajudar nesse processo. 

Crie um ambiente seguro

Somos fruto do meio. Por isso, para incentivar o aprendizado é preciso criar um ambiente seguro e estimulante. Quando o medo do julgamento entra por uma porta, o aprendizado costuma sair pela janela. Concentração de poder ou altos níveis de competitividade entre os membros de uma equipe também funcionam como bloqueadores desse processo. Empresas com cultura de aprendizagem forte apresentam hierarquias planas e abertura para comunicações informais, discussão de ideias e questionamentos difíceis. Horizontalize as relações e valorize o compartilhamento de conhecimentos e experiências. 

Abrace o erro

Apoie tomadas de decisão de riscos, mesmo que isso aumente as chances de falha. Tolere e até encoraje os erros, desde que eles signifiquem aprendizado e crescimento. (Nada de repetir o mesmo erro, hein?) Quando você tem medo do fracasso, você se torna avesso ao risco. E o medo de arriscar, nos impede de inovar. O que um funcionário sabe hoje é menos relevante do que o que ele pode aprender. Como diria Michael Jordan, “Para aprender a ter sucesso, é preciso primeiro aprender a fracassar”.

Faça o que eu faço

O comportamento dos líderes, especialmente o que eles fazem rotineiramente, tem grande influência no comportamento e no desempenho das equipes. Ademais, quando líderes se mostram curiosos e comprometidos com seu desenvolvimento, ou quando assumem sua vulnerabilidade e seus erros, a tendência dos seus liderados é fazer o mesmo. Líderes que praticam a humildade e não se levam muito a sério são mais acessíveis, melhores ouvintes e mais abertos ao aprendizado, em vez de concentrarem suas energias em confirmar opiniões pessoais. A cultura de aprendizagem precisa ser criada de cima para baixo. A melhor maneira de liderar é pelo exemplo.

Contrate pessoas curiosas

Aqui o velho ditado “A curiosidade matou um gato” não cola. Se você contratar pessoas naturalmente curiosas e maximizar o encaixe entre o papel que desempenham na organização e os interesses que possuem, você não terá que se preocupar em incentivá-las a aprender. Pessoas curiosas tendem a ter múltiplos interesses e buscam conhecimentos diversificados, o que as ajuda a pensar em soluções mais criativas. Além disso, elas tendem a ser mais abertas a questionamentos e evidências factuais em vez de procurarem informações que confirmem suas crenças, o que facilita tomadas de decisões mais assertivas. 

Cultura de aprendizagem na sua empresa

Promova a autonomia

Oferecer autonomia às pessoas contribui para valorização da subjetividade de cada um, componente essencial no processo de aprendizado. Para isso, é preciso desapegar da ideia de que sabemos o que é melhor para o outro. Ademais, estimular o autoconhecimento ajuda as pessoas a entenderem quais são seus interesses, como suas habilidades podem ser aprimoradas e qual é seu ritmo de desenvolvimento. Contudo, as pessoas se sentem mais engajadas quando são valorizadas em sua individualidade, percebem que seus desejos são ouvidos e enxergam o poder das próprias escolhas.  

Dê feedbacks significativos

Só é possível corrigir erros e melhorar quando sabemos das nossas falhas e limitações. Uma comunicação clara sobre expectativas atendidas e não atendidas aumenta a chance de atingir resultados satisfatórios para todas as partes envolvidas. Além disso, o feedback auxilia os líderes na convergência entre os objetivos estratégicos da empresa e os interesses das pessoas que nela atuam. Quanto mais crítico o feedback, mais deve ser a preocupação em ser sensível e humano. Existem muitas formas de falar a mesma coisa, escolha sempre a mais gentil possível. Contudo, quando falamos em feedback, não estamos falando apenas em retornos negativos. Elogiar a evolução e bons resultados também é extremamente importante para manter as pessoas envolvidas.

Forme multiplicadores de conhecimentos

A descentralização ajuda a aumentar o alcance das iniciativas de aprendizagem. É comum que quando as pessoas têm dúvidas e sentem necessidade de pedir ajuda, recorram a colegas de trabalho. Essa troca de informações entre os próprios profissionais contribui muito para que a aprendizagem seja um ato contínuo durante o fluxo de trabalho. Mobilizar e investir nas habilidades comunicativas de pessoas que já têm a tendência de compartilhar conhecimentos e agregar experiências aos demais é uma boa estratégia. Além disso, outra vantagem de ter a figura dos multiplicadores em sua empresa é desafogar os gestores na disseminação das informações.

Recompense a jornada

Se você diz que a aprendizagem constante é importante, recompense o que você fala que valoriza. Culturas de aprendizagem valorizam “como” as pessoas fazem algo tanto quanto “o que” elas fazem. Na American Express, a jornada de desenvolvimento faz parte do processo de gerenciamento de desempenho e 50% da sua pontuação vem de como você realizou o seu trabalho. Contudo, na Novo Nordisk, as metas dos profissionais são estabelecidas em relação aos pontos de desenvolvimento que eles precisam focar e o caminho da evolução impacta diretamente em benefícios como a participação nos lucros. As empresas precisam compreender e aplicar indicadores comportamentais para, de fato, estabelecerem uma cultura de aprendizagem.

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